quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Antevasin (palavra em sânscrito) - "aquele que mora na fronteira"

Antigamente, essa era a descrição literal. Significa alguém que havia abandonado o centro agitado da vida mundana para ir morar no limite da floresta, onde viviam os mestres espirituais. O antevasin deixava de ser um aldeão - não era uma pessoa com uma vida convencional. Mas ele também não era um trascendente - não era um daqueles sábios que vivem bem lá no fundo das matas intocadas, plenamente realizados. O antevasin era alguém que vivia no meio. Era um habitante da fronteira. Vivia em um lugar onde podia ver os dois mundos, mas olhava rumo ao desconhecido. E era um estudioso.Na época moderna, é claro, essa floresta virgem teria de ser em sentido figurado, e a fronteira também. Mas ainda é possível viver aí. Ainda é possível viver nessa linha tremeluzente entre seus velhos pensamentos e a sua nova compreensão, em um eterno estado de aprendizagem. No sentido figurado, trata-se de uma fronteira que está sempre em movimento - conforme você avança em seus estudos e em suas realizações, essa floresta misteriosa do desconhecido está sempre há alguns metros à sua frente, de modo que você precisa viajar com pouca bagagem para conseguir acompanhá-la.Precisa manter móvel, maleável, flexível. Escorregadio, até.
Sempre me pergunto o que devo ser. Mas quer saber? Sou apenas uma arisca antevasin - nem isso nem aquilo - uma aprendiz da fronteira em eterna mutação, próxima à floresta maravilhosa e assustadora do novo.
Texto tirado do livro: "Comer, rezar e amar", de Elizabeth Gilbert

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